Gobstopper's

Júlia '♥'

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Não sei bem ao certo quem sou. Já fui um pedacinho de gnt, uma criança e, hoje, não sei se ainda sou uma garotinha ou se já estou a um passo de me tornar uma mulher. Já tive sonhos idiotas, chorei ouvindo música e confesso que ainda tenho medo de escuro. Sou neta, filha e futura mãe; uma metamorfose ambulante e prefiro ser assim do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo. Sou a compreensiva e a incompreensível, a que chora e que sorri por motivos bobos. Nunca sei como terminar o que comecei, mas que atire a primeira pedra quem nunca se perdeu nas próprias palavras. Me conformo em não agradar a todos, mas de qualquer forma, aí vai um recadinho pra você: muito prazer, Júlia!


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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Capítulo 3

O dia começou com sol, mas meia hora depois as nuvens já haviam tomado conta de tudo de novo. Nossas atividades matinais começariam dali à uma hora e me surpreendi com a inquietação de Evie naquela manhã. Enquanto eu a observava se aproximar de mim no jardim, pensei que fosse pela nossa caçada pela madrugada, mas quando ela finalmente me alcançou, ela disse:
- Já soube do que aconteceu?
Não, eu não sabia. Alguma coisa de interessante acontecia por ali?
- O que foi? - meu grau de curiosidade já estava se elevando.
- Estão dizendo por aí que a nossa vizinha de quarto, aquela que você diz não ir muito com a sua cara, foi embora essa manhã.
- Por quê? Ela parecia uma das mais animadas em estar aqui.
- Também estranhei, mas... Sei lá, ela se foi enquanto todas as outras ainda estavam dormindo. - Ela ficou pensativa. - Estranho, não é? Não se despediu de ninguém e nem comentou nada nos dias anteriores.
- Talvez ela tenha se dado conta de que isso está um tédio e voltou para casa. Não é tão estranho assim pensando por esse lado. - Dei uma risadinha, como se a minha teoria fosse óbvia.
Evie também sorriu.
- Preparada para mais tarde? - perguntei.
- O que tem mais tarde? - ela respondeu se fazendo de boba. Eu apenas olhei para ela, em um significado claro de que sua "falta de entendimento" não colava comigo.
- Não se faça de boba, Evie, você sabe muito bem o que vamos fazer hoje. Nós só temos mais seis dias aqui e eu não vou para casa tranquila até que eu descubra o que acontece por aqui. E outra: eu não quero ter de voltar ano que vem para descobrir. Portanto...
- ...Não há escolhas para mim, a não ser te acompanhar. - completou e rolou os olhos.
- Você aprende rápido.
E rimos mais uma vez. Era bom poder contar com alguém. Embora eu só a conhecesse há uma semana, eu gostava de saber que, mesmo morrendo de medo, ela não me deixaria na mão. E talvez isso se explicasse pelo motivo de ela saber que, mesmo que eu também estivesse assustada, eu não deixaria que nada nos acontecesse; pelo menos, eu tentaria não deixar. Então, o círculo esta fechado.


sexta-feira, 6 de agosto de 2010

.... continuação!

- Você deve estar brincando! O que quer que aquilo seja, você não deve estar falando sério quando diz querer descobrir o que está acontecendo! Você está louca? Isso é perigoso! Se nos descobrirem... - ela não completou a frase, querendo que eu mesma tivesse a noção do que nossa caça implicava.
- Ah, qual é? Eu não sei o que você pensa das suas, mas as minhas férias estão um tédio! Vamos lá! Um pouquinho de suspense não vai fazer seu coração parar - incitei-a.
Por um momento, achei que tivesse que corrigir minha última frase: ela tremiam tanto que suas pernas estavam moles e tive a impressão de que seu sang
ue congelaria em suas veias e pararia de circular. Mas ela me olhou nos olhos, apontou o dedo para mim e me disse tentando parecer séria:
- Se eu morrer de medo, Claire, no sentido mais literal da expressão, eu volto do onde eu estiver para te arrastar para lá comigo!

Eu só consegui rir de sua reação. Ela não fazia do quanto ela era hilária quando tentava ser firme. - Vamos então!
Peguei seus punhos gelados e a puxei para trás do prédio do refeitório, de onde as sombras haviam saído.

Mas, depois que avançamos, perdi novamente meus alvos. As coisas estavam como deviam estar; não havia pegadas no chão, não havia o estalar de nenhum galho seco, nem o vento estava soprando. Apenas a aura estava mudada: em vez da calmaria que deveria prevalecer na madrugada, havia um clima tenso, pesado, uma sensação que dificultava a respiração. Se eu nao tivesse reparado bem, não perceberia que a água do lago formava pequenas ondas. Engraçado, pensei comigo mesma, não estava ventando. Foi quando senti o toque de Evie no meu braço esquerdo, a outra mão apontando para a outra margem do lago, para uma pequena embarcação de três pessoas. Um ponto de luz muito pequeno agora era visível e tive que reconhecer que sem um bote não conseguiríamos chegar ao outro lado.
Girei em meus calcanhares, olhei para minha amiga medrosa e falei:
- Amanhã. Eles não nos escapam.
E vi qu
e seus olhos rolaram de desânimo ao entender que ela, mais uma vez, estaria incluída no plano.



Continua...
segunda-feira, 26 de julho de 2010

Capítulo 2

Uma chuva fina começou a cair sobre nossas cabeças e o barulho que nossas pisadas faziam no chão não ajudariam em nada se quiséssemos que ninguém soubesse que estávamos acordadas. Andávamos com muito cuidado, com os olhos fixos no chão, atentas a qualquer galho ou graveto caído que pudesse nos denunciar caso fosse pisado acidentalmente.
Tudo estava muito calmo, eu até comecei a achar que eu tinha mesmo imaginado as manchas negras do lado de fora naquela noite. Mas eu não estava disposta a voltar para o quarto e ter que reconhecer à Evie que eu tinha me precipitado. Isso estava fora de cogitação! Já me bastava sua cara emburrada ao meu lado, implorando para voltarmos, a expressão nitidamente medrosa.
Eu já estava curiosa demais e não ia descansar enquanto eu não descobrisse o que estava acontecendo de anormal naquele clube de férias. Passei uma semana insone, roendo as unhas de ansiedade para descobrir o suposto mistério e, agora que eu tinha uma companheira - mesmo que bicuda - comigo, eu não ia tentar me convencer da minha possível insanidade e deixar uma aventura passar.
Já havia mais ou menos uns 40 minutos que estávamos andadando a esmo pelo terreno e a insistência de Evie para deixarmos para o próximo dia nossa varredura estava quase começando e me vencer pelo cansaço. Eu disse quase.
Como se estivesse nos vigiando, um vulto atrás do refeitório passou por nós deixando para trás um rastro de vento frio e desconforto. O frio que eu vinha sentindo durante a semana anterior estava tomando conta de mim de novo e eu estremeci. Olhei para o lado para ver a reação de Evie e eu nunca vi alguém com os olhos tão arregalados como os dela estavam. E devo acrescentar que - como ela conseguiu essa proeza? - ela estava mais branca que eu. Ela não conseguia formar frases coerentes.
- O q-que fo-o-i aqui-i-lo? - ela gaguejava.
- Agora você acredita? - perguntei com um sorriso repuxado, sentindo o doce gosto do perigo.



Continua...
segunda-feira, 12 de julho de 2010

...continuação!

O sol saiu mais ou menos depois do almoço, quando finalmente tínhamos duas horas livres para fazermos o que bem entendêssemos antes de voltarmos aos horários programados, e tive a companhia de minha nova melhor amiga para deitar na grama de um dos jardins e presentear minha pele translúcida com um pouco de vitamina D. Pela terceira ou quarta vez, perguntei a ela se não ouvira nem vira nada de estranho à noite enquanto tentava pegar no sono, e resolvi contar sobre as sombras esguias que atravessavam a janela de nosso dormitório. Não era possível que só eu conseguia enxergá-las! Se era para voltar para casa louca, eu não queria ser a única a ser devolvida com defeito aos pais. Mas, durante minha conversa com Evie, reparei que aquele lugar se apresentava mais esquisito para mim do que para qualquer outra pessoa alojada. Os problemas de adaptação de minha vizinha de cama nada diziam respeito ao quarto sombrio ou ao ranger agourento das portas, ela simplesmente não se ajustava, porque, com certeza, o colchão de sua casa era eternamente mais macio e ela sentia falta de seu namorado - o qual ela sempre citava. Como eu não tinha deixado ninguém me esperando na minha cidade, eu não gostava do lugar porque ele mes assustava mesmo. Tomei uma decisão: se as sombras aparecessem de novo, chamaria Evie e ele então veria que meu cérebro não estava fora de sintonia.

Ao final da tarde, quando fomos dispensadas para os dormitórios, fui a primeira a tomar banho para poder lavar meu cabelo, sujo de grama. Li um dos livros que trouxe de casa e esperei pela hora de dormir. O fato de as três manchas escuras não ter aparecido ontem, não significava que elas não apareceriam de novo. Quando vi que as luzes vermelhas do relógio indicavam dez horas da noite, guardei o livro e fiquei à espreita. Quando meus olhos já não estavam mais aguentando ficar abertos, alguma coisa se moveu do lado de fora. Dei um pulo na cama.

- Evie, acorda! - sussurrei e ela se virou.

- Que horas são?

Olhei para o relógio e informei que faltavam quinze minutos para meia noite. Ainda estava muito cedo para as sombras voltarem a me atormentar; na semana anterior elas haviam respeitado um horário rigoroso, saindo de onde quer que tenham saído só depois das três horas da manhã. Me dei conta de que talvez eu não as tivesse visto ultimamente não porque elas não tivessem aparecido, mas pela simples possibilidade por elas já terem passado pela minha janela enquanto eu dormia.

- Você não está mesmo pensando em sair porta afora nessa escuridão para seguir uma coisa que só você vê, está? - perguntou Evie, agora com os olhos arregalados.

- Mas é lógico! - respondi.

- Claire, você é louca! E anote: se nos pegarem rondando por aí a esta hora, - ela estremeceu - juro que te jogo no lago amanhã de manhã!

- Tente, eu sei nadar! Haha. - disse, com um tom forçado de desdém.

Nos levantamos da cama, pegamos uma lanterna que estava guardada no criado mudo, calçamos nossos sapatos e saímos para a escuridão.


Continua... cap. 2!


sábado, 10 de julho de 2010

...continuação!

O roteiro de atividades começava às nove da manhã, horário que o diretor concluiu ser mais que o suficiente para que todas as meninas já estivessem acordadas. A hora era o de menos para mim, eu nunca fui a menina mais preguiçosa e dorminhoca do mundo, mas o recheio de nuvens entre a terra e o céu dava a sensação de cansaço e meus sentidos estavam com dificuldades para se acostumarem ao novo ambiente. Evie sempre se atrasava; começamos a conversar, porque eu sabia como os coordenadores de atividades amavam pontualidade e estabeleci dias em que eu a chamaria meia hora mais cedo para que ela já fosse se habituando à claridade. A coitada estava tendo mais problemas de adaptação do que eu pensei que fossem possíveis: tinha insônia, rolava praticamente a noite toda pela cama e, quando finalmente pegava no sono, faltava pouco tempo para que a sirene absurdamente alta tocasse, num som que acordaria até um defunto que, por acaso, estivesse enterrado nas redondezas.
É claro que seus atrasos lhe rendiam vários puxões de orelha... Se havia alguma coisa que o pessoal da direção odiava, sem nenhuma exceção, era a tal da "falta de compromisso com os horários". Na hora de chamada, quando reparavam em sua ausência, me mandavam atrás dela para que eu a acordasse, com um grito se fosse preciso. "Balance aquela menina até que seus ossos estalem, ouviu?", me dizia a coordenadora. É claro que eu nunca fiz isso.
Quando o trabalho de acordar Evie era atribuído a mim - ou seja, sempre- me dirigia o mais devagar possível à área dos dormitórios, proporcionando a ela mais alguns minutos de sono, e, quando eu chegava lá, ela já estava vestida, ciente do atraso, tropeçando em suas próprias pernas. Era engraçado vê-la desorientada, me divertia, e acho que foi por causa dessa conexão tão legal entre eu e ela que fez com que nos tornássemos grandes amigas.



Continua...
sexta-feira, 2 de julho de 2010

Capítulo 1

Meu oitavo dia no clube de férias começou normal - para os meus padrões de normalidade, pelo menos. Como era temporada de chuvas, não era estranho o céu encoberto durante a maior parte do dia, com as nuvens permitindo que a luz do sol irradiasse apenas por alguns minutos, com intervalos de tempo cada vez mais longos entre um e outro. Não que eu me importasse que o sol nao desse as caras, afinal de contas. Nunca me dei com a irradiação; sempre fui muito branca e fico vermelha com muita facilidade. Meu "albinismo" não é muito bem explicado pela minha genética: meus pais não sofrem com falta de melanina, ambos com os cabelos escuros e com uma pele puxada para um tom corado muito sauável. À primeira e única filha, a natureza presenteou com uma pele extremamente clara, com bochechas levemente rosadas e com um cabelo num tom de loiro-escuro com apenas algumas mechas menos escuras. E era por causa deles, meus pais, que eu fui parar num lugar perdido para passar minhas férias de verão.
Embora eu nao me queixasse da falta de sol, eu não gostava do lugar por causa de outros motivos: todo o ambiente era extremamente intimidados, em cada detalhe. Quando eu e minha - desconhecida - turma chegamos, fomos recepcionados pelo diretor, cuja aparência mais se assemelhava ao do Professor Snape de Harry Potter e cuja altura devia beirar um metro e oitenta e tantos. E ele chirava como se tivesse tomado banho com... enxofre? Desde que o conheci, não o vi sorrir uma única vez; tenho que admitir que ele me dava medo...
Divido o quarto com mais cinco meninas. Não conversei muito com elas, exceto com Evie, uma garota muit meiga e tímida que dormia na cama ao lado da minha. Das outras quatro, reparei que três não simpatizaram muito comigo e tive a leve impressão de que foram elas que tentaram me assustar. A outra companheira de quarto eu cumprimentava apenas por educação, já que ela não passava por mim sem ao menos me dar um "oi". Enfim, comecei as férias com o pé frio e com a sensação de que eu preferiria estar em casa estudando Matemática.
Pelo menos as malditas sombras não haviam aparecido novamente pela madrugada, o que era um consolo e uma motivação para achar que minha segunda semana poderia ser mais agradável - ou menos pior.

Continua...

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Prefácio


Três horas da manhã. Ou talvez quase isso. Como em todas as outras sete noites, meu sono foi interrompido mais uma vez. Não sei exatamente por que - ou por quem - mas eu tenho sido acordada por barulhos estranhos que, como constatei, só eu escuto e por um frio intenso que só eu sinto. Enquanto eu ficava acordada e o resto do acampamento dormia, olhei para o teto, sussurrei algumas músicas antigas, virei de um lado para o outro da cama só na esperança de que o sono me tomasse de volta. Tentativas em vão: quanto mais eu tentava relaxar, mais meus olhos relutavam em se fechar.
Até que resolvi esperá-la, ou melhor, esperá-las voltarem a surgir. Ao lado de minha cama dura até para uma pedra, havia uma janela daquelas do tipo de filme de terror: divida em quatro quadrados por onde entra a sombra fantasmagórica de uma árvore. E junto com a sombra da pobre árvore que nada tem a ver com meu medo, mais três silhuetas cruzavam velozmente a parede do quarto. Da primeira vez, fingi que nem as vi e me cobri até a cabeça com o cobertor meio empoeirado. Na segunda, corri até ofegar para ver quem estava tentando me colocar medo. Da terceira até a quinta vez, foi a mesma coisa: corria e, quando eu achava estar muito perto, elas desapareciam do nada. Até que cheguei à conclusão de que devia ter ficado louca.
Quem quer que estivesse tentando me assustar, já deveria ter se dado conta de que conseguiu e, por fim, desistido. Até o momento não havia visto mais nenhuma sombra comprida e torta passando pelo lado de fora do dormitório. Mas eu ainda sentia frio, talvez mais do que nas outras noites.



Continua...